A CARTA

Bom, na verdade tomei conhecimento desta carta apenas hoje. Como devem saber, conheço o Lícinio, há já alguns anos e conheço o seu trabalho mais a fundo, desde que este treinou as seniores da Manuel Laranjeira, altura em que também estava no mesmo clube orientando as juniores. Sei que é um digno profissional e que dá sempre o seu melhor em prol dos clubes por onde passa e em prol dos atletas que treina. A sua missiva é clara: devem os técnicos nacionais oscultarem os técnicos dos clubes ou não? pelo que conheço do Mats Olsson, essa é uma questão inabalável: os técnicos nacionais devem estar sempre disponíveis para os técnicos dos clubes e vice-versa. Aliás, o próprio Mats, é a abertura em pessoa. Quantos não se lembram, que desde sempre, deixa o seu contacto no fim das formações e que sempre faz questão de apresentar publicamente todos que trabalham com ele.
Outra questão que se coloca é: estarão os canais comunicacionais entre os técnicos nacionais e o Espinho, totalmente livres? ou haverão ainda resquícios do último estágio de detecção de talentos, onde um atleta do Espinho foi devolvido à proveniência por mau comportamento?



De qulaquer forma, concordo que deve haver sempre contactos entre os treinadores, pois só assim o andebol português evolui. Percebo perfeitamente o que o Licinio quer dizer ao insistir na comunicação de todos, mas quantos são os casos de atletas seleccionados (e então no feminino!) que nem sequer jogam ou treinam? ou que estão lesionados? ou que tem pouco interesse?
Como justificaria ele o facto de termos uma técnica nacional que vive na Madeira?como observa essa treinadora as atletas do continente? como as acompanha semanalmente?como vê as suas performances em campo?
Inúmeras questões se colocariam...

Quanto a outro facto da carta: a não convocação dos atletas para a Selecção Regional e a sua convocação para a Nacional? Iria mais longe ainda: como é possível um técnico da Selecção Regional de Aveiro (neste caso do feminino) não ter o nível 3 sequer? Como é possível esta subversão das regras a todos impostas?
Claro está que esses dois atletas deviam fazer parte da Selecção Regional e dos seus trabalhos semanais! Seriam certamente uma mais valia, mas confesso que não sei os motivos da sua não convocação! Da mesma forma que não sei quais as orientações dadas aos técnicos regionais na sessão de trabalho em Rio Maior, com a responsável pelas Selecções Regionais, mas acredito que o lema não será: não convoquem os melhores! Embora, por exemplo, também é estranho que a melhor atleta iniciada de Aveiro, não faça parte da convocatória para a Selecção Regional! Será uma nova moda?
Quanto à ausência de um plano de trabalho ou de linhas orientadoras para a detecção de talentos, essa mesma questão foi colocada ao Mats e ao Rolando, em S. Bernardo, pelo professor Jorge Rito, que tem a seu cargo a melhor escola de formação do país e que também estranha esta inexistência de um fio condutor.
Por fim, era bom que a carta do Professor Lícinio, fosse um ponto de partida para um debate alargado, sem receios sobres estas questões, embora por experiência própria, saiba que em todos nós existe um seleccionador nacional, sempre pronto a fazer alterações nas convocatórias, embora aqui enalteça a atitude do Lícinio, pois fez exactamente o contrário: colocou em causa a convocação de dois dos seus atletas, demonstrando toda a sua seriedade, rigor e competência.

Nota: Aproveito para pedir desculpa pela desactualização dos conteúdos aqui no blogue, mas por afazeres profissionais, não tenho conseguido algum tempo livre. Este, parece-me um tema urgente e daí a resposta às mensagens instantâneas dos colegas.

Comentários

Anónimo disse…
Carta fantástica que diz tudo da forma como se processam as convocatórias.