Contribuição para o debate iniciado pelo Prof. Paulo Pereira sobre a "defesa na iniciação"


O seguinte artigo foi colocado na caixa de mensagens do debate sobre a defesa na iniciação dos nossos jovens praticantes que o Professor Paulo Pereira iniciou no seu blogue (com link aqui à direita), sendo aqui reposto, pois na caixa de mensagens não se conseguem colocar as imagens! De referir a importância destes debates alargados, pois servem para construir e todo o andebol luso beneficia, embora indo contra muitos "adamastores anónimos" que vão minando espaços tão interessantes de debate, que com as suas criticas e ataques pessoais vão afastando as pessoas de iniciativas tão interessantes.
Aqui fica então o artigo:
Escolher entre o tipo de defesa? Ou escolher, o ensinar a defender?
Nesta questão de treinamento defensivo na iniciação, importa, na minha opinião, o que queremos no futuro e o que faremos para lá chegar, pelo que este debate nacional é muito importante.
Ao longo das décadas temos “copiado” ou “adoptado” exemplos de outros países, que chegam até nós via equipas técnicas nacionais, com técnicos oriundos de outros países, que obviamente têm nos seus países de origem uma realidade diferente da nossa.
No presente, e deparei-me com muitas situações enquanto membro da equipa nacional, nas fases de iniciação e não só (de iniciadas até juniores), as nossas atletas não sabem defender, não conhecem os conceitos de defesa, não sabem e não compreendem as ajudas e então, muito menos sabem defender 1:2.
Assim, parece-me lógico, que quase todos os coordenadores nacionais optem por defesas pouco abertas, e isto, acontece, inclusive até nos Seniores Masculinos A, correndo assim menos riscos de falharem as ajudas ou das defesas serem batidas em inferioridade.
Contudo, na verdade, são poucos os treinadores que treinam, por exemplo, os blocos ou o um tipo de defesa pressionante em toda a sua largura (excepção ao FC Porto de Pokrajac, onde havia uma procura de colocar uma pressão defensiva em todos os atacantes, sempre com vista à quebra do ataque como partida para um ataque rápido). E entre esta e outra ausência de treino mais específico lá se vão diluindo todos os conceitos defensivos.
Se olharmos para trás no tempo, não nos tem faltado experiências nos mais jovens: defesa individual, o jogo dividido em partes defensivas, etc, etc, até que agora com Mats Olsson o sistema defensivo é livre, tendo isto na realidade levado à opção quase nacional do 6x0.
Mas são várias as questões que se põe de imediato aos treinadores:
- Se tu mudares o sistema defensivo:
a tua equipa entra em pânico? Ou por outro lado, é um desafio? Percebem os atletas porque se mudou o sistema defensivo? E mais importante, eles acreditam nessa mudança?

Vamos reparar no modelo sueco:
Swedish 6:0 - dynamic handball


muda para: Old and coming back - 3:2:1
Na realidade, o que os suecos fazem é uma mudança da defesa 6:0 para uma defesa mais aberta. Como? Exemplo: “From crossing on the wings to cross also on the backplaces” - "nota bíblica"
Assim, os atacantes terão sempre um defensor diferente à sua frente.
Mas, meus amigos isto treina-se! Não há teoria sem prática, muita prática! Vejamos um exemplo de um plano semanal de um atleta na Noruega: E embora, perceba as adopções do andebol escandinavo, que como sabemos, interpretam a defesa sempre como um meio para um ataque mais rápido e fulminante, aqui teríamos muitas dificuldades em adoptar defesas mistas, em adoptar comportamentos defensivos variáveis conforme os oponentes ofensivos.
Já assisti a treinadores reprimirem a iniciativa do defesa em “roubar” uma bola. O que demonstra que os conceitos de leitura de jogo, ajudas, iniciativa individual de fast break (vejamos o caso de Alexandrina Barbosa), o aceitar cada um o seu papel, são ainda conceitos longínquos dos nossos jovens.

A mensagem deve ser clara: só queremos a bola!

Deixo aqui um gráfico que poderá também contribui para este debate sobre o tipo de defesa a adoptar nos nossos escalões jovens, embora me parece mais óbvio debater aquilo que lhes devemos ensinar enquanto jovens para conseguir a defesa que queremos no futuro!

Paulo Costa
07-11-2008

Comentários

Anónimo disse…
Espectacular esta forma analítica do que devemos trabalhar. O último esquema é sucinto e demonstra claramente todo o processo do jogo de andebol. Muito bom para ser usado pelos clubes portugueses na sua formação!Parabéns!
Anónimo disse…
será que podia mandar este esquema excelente em portugues para o meu maile
antniomarco6@gmail.com
agradecia
abraço marco